O balanço do grupo Madero para o primeiro trimestre de 2021 afirma que, por falta de garantias de que conseguirá renegociar dívidas, há “dúvidas substanciais sobre a capacidade da companhia de continuar em funcionamento dentro de um ano após a data em que essas demonstrações financeiras consolidadas foram emitida. Apesar dessa declaração, a empresa continua firme em seu propósito de fazer um IPO (Oferta Inicial de Ações) até o fim do ano.

Em inglês, IPO é a sigla para “initial public offering”, ou “oferta pública inicial” em português. Representa a primeira vez que uma empresa receberá novos sócios realizando uma oferta de ações ao mercado. Ela se torna, então, uma companhia de capital aberto com papéis negociados no pregão da Bolsa de Valores.

O grupo MADERO, planejava um IPO para 2020, mas teve de interromper os planos por causa da pandemia. Além da abrupta queda de receita, por causa do fechamento dos restaurantes, a companhia também viu sócios como o apresentador Luciano Huck, que tinha uma participação minoritária, deixando o negócio rapidamente e por valor simbólico.

Para as empresas, o IPO é um processo complexo e muitas vezes caro. Ele envolve uma mudança de mentalidade da gestão, que passará a ter de fornecer informações próprias para o mercado e a conviver com novos acionistas. Por que, então, muitas delas optam por abrir o capital?

Emitir ações é uma das maneiras que as empresas têm para levantar recursos. Para se tornarem acionistas de uma companhia — e, com isso, poderem participar dos seus resultados — os investidores precisam comprar os papéis, entregando dinheiro em troca deles. Esses valores em geral financiam investimentos necessários para que a empresa cresça e prospere.

Levantar dinheiro emitindo ações, porém, envolve algumas vantagens. Diferentemente de um financiamento, ações não têm vencimento, nem preveem um retorno específico. Com isso, a empresa fica livre de precisar ter os valores disponíveis, com certa rentabilidade, numa data definida.

  • Abrir o capital também pode representar uma maneira de as empresas darem liquidez a seus empreendedores ou sócios — ou seja, é uma possibilidade para que eles vendam suas ações a outros investidores do mercado, transformando papéis em dinheiro no bolso. Você pode estar se perguntando por que um empreendedor poderia querer se desfazer das suas próprias ações. Por uma variedade de fatores. Ele pode estar interessado em criar outros novos negócios, por exemplo — e para isso precisa ter recursos em caixa. Ou pode perceber que, diante dos resultados e perspectivas para a empresa, suas ações estão valendo muito. Embolsar esse dinheiro, portanto, é uma ótima ideia.

Há ainda o caso dos fundos de venture capital e private equity, que se tornam sócios de empresas quando elas estão em um estágio inicial justamente vislumbrando vender suas ações com lucro mais tarde, em um IPO.

  • Quando abre o capital, uma empresa precisa adequar seus processos internos e elevar tremendamente o nível de transparência sobre suas operações e resultados. Isso tudo para que os investidores tenham acesso detalhado ao que acontece nela e, assim, possam decidir sobre manter seus recursos aplicados ou não.

Isso normalmente tem dois resultados. O primeiro, um ganho de credibilidade, já que o mercado entende que uma companhia aberta apresenta um grau de governança corporativa mais elevado. O segundo, mais projeção e reconhecimento público, decorrentes da maior visibilidade na mídia e do acompanhamento recorrente por investidores e analistas.

Para fazer um IPO, uma empresa deve cumprir uma série de requisitos legais e regulatórios. Precisa, por exemplo, estar juridicamente constituída como uma “S/A”, ou sociedade anônima, em que seu capital é dividido em ações (e não em cotas, como no caso das companhias limitadas).

A empresa deve ainda apresentar uma série de exigências relacionadas à emissão de relatórios financeiros auditados externamente, a aspectos fiscais, a governança corporativa, a controles internos, a conformidade, a recursos humanos e também à sua própria estrutura societária.

Realizar um IPO não é algo que se possa fazer de uma hora para outra. Do início ao fim, o processo pode tomar mais de um ano. Confira as principais etapas:

  • O planejamento e a preparação de uma empresa para a abertura de capital costumam ser as etapas mais longas do processo. Tipicamente, um IPO pode levar de oito meses a três anos até acontecer, segundo cálculos de consultorias como a PWC, que atuam em operações do tipo.

Uma das razões que normalmente alongam o processo diz respeito à auditoria das finanças da empresa. A legislação exige que, para abrir o capital, a empresa apresente três anos de balanços auditados. Se a companhia já tinha por hábito auditar seus resultados – ou seja, submetê-los ao exame minucioso por uma empresa externa e independente – essa etapa fica mais fácil. Mas se esse não for o caso, pode ser necessário aguardar o período inteiro se completar para ter os números certos em mãos.

Ainda na fase de planejamento, a companhia e seus assessores financeiros definem todas as características da operação. Isso abrange desde o volume de recursos que serão captados até a composição das ações que serão oferecidas ao mercado (se serão emitidos novos papéis ou se os antigos investidores venderão parte dos que possuem) e a valoração da companhia.

FONTES: EXAME INVEST/ INFOMONEY